sexta-feira, 21 de agosto de 2009

SAÍDA DE MARINA INCENTIVA CRISTOVAM A CANDIDATURA EM 2010

Cristovam Buarque discursa na tribuna do Senado
12 de agosto de 2009

Agência Senado
Gabriela Voskelis

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou, nesta quarta-feira, que a crise que atinge o Senado e o surgimento da possibilidade da candidatura de Marina Silva à Presidência em 2010 aumenta sua pretensão de também concorrer ao cargo no ano que vem. "Nunca abandonei o projeto. Acontece que com essa crise no Senado, diminui qualquer entusiasmo que eu tivesse para ser reeleito para o Senado", afirmou. "Ainda mais com o surgimento de candidaturas como o Ciro (Gomes, do PSB), a Marina (Silva, ex-PT). Isso faz com que o PDT se sinta livre para concorrer à Presidência."
Ontem, Marina Silva anunciou que deixa o PT após 30 anos de filiação partidária. Ela estuda entrar para o PV, que quer lançá-la candidata à Presidência da República em 2010.
Segundo o senador, a saída de Marina do PT abre possibilidade para um novo discurso na corrida presidencial. "A Dilma (Rousseff, pré-candidata do PT) e o Serra (José Serra, do PSDB), para mim, dizem a mesma coisa. Eles não pensam em mudar o projeto do Brasil, só pensam em acelerar o mesmo projeto", explicou o senador. "Eu defendo muito mais do que economia, eu defendo um novo Brasil, o Brasil da economia do conhecimento. Esse Brasil só será construído com uma revolução na educação, quando a escola for igual para todos."
Na semana passada, em entrevista ao Terra, Cristovam afirmou que aceitaria concorrer também como vice de Marina Silva em 2010. Hoje, ele reafirmou a disponibilidade, mas ressaltou que não deixaria o PDT: "se o meu partido quiser (eu aceito), mas não sairia do partido. E se o meu partido quiser ter um candidato, estou absolutamente pronto para isso".
De acordo com o parlamentar, há manifestações nas bases do PDT em favor de que a legenda lance candidatura própria à Presidência, para que o partido não seja "apenas um auxiliar desprezado pelo PT". "Não há movimento em defesa do meu nome, mas em defesa de um candidato próprio. Hoje, o Lula tem diversas tendências", disse. "Estamos precisando que o Lula desapareça e surjam os partidos como eles são."
Crise no SenadoCristovam afirmou ainda que o arquivamento dos recursos contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética, na quarta-feira, confirmam a inatingibilidade do senador em relação aos parlamentares da Casa. "Nós estamos impotentes", lamentou.
Os senadores do Conselho de Ética engavetaram, na quarta-feira, por nove votos a seis, os 11 recursos contra o presidente do Senado. As 11 acusações haviam sido arquivadas sumariamente pelo presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), aliado de Sarney.
Ele alegou que todas as denúncias são baseadas em notícias de jornais e nenhum documento foi anexado para embasar a acusação. A oposição recorreu dos 11 arquivamentos e, por isso, eles foram a votação nesta quarta-feira, sendo vetados definitivamente. Os votos dos senadores do PT, que estavam indefinidos até o início da reunião, determinaram o resultado.
No entanto, ele e os senadores José Nery (Psol-PA), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Renato Casagrande (PSB-ES), Jefferson Praia (PDT-AM), Demóstenes Torres (DEM-GO), Marina Silva (sem partido-AC), Flávio Arns (sem partido-PR), Pedro Simon (PMDB-RS), Alvaro Dias (PSDB-PR) e Kátia Abreu (DEM-TO) protocolaram na mesa diretora um recurso que pede que o Plenário da Casa reveja a decisão tomada ontem.
"Vamos tentar ir para o Plenário. O problema é que a tropa de choque está alegando que é antirregimental. Eles têm muita força", afirmou o senador, ressaltando que esta é a última tentativa de abrir investigação contra Sarney. "Nós não estamos de acordo de que deveríamos ir para o Supremo (Tribunal Federal). Alguns acham que isso é quebrar a independência dos poderes e não faremos."
Segundo ele, a única esperança para que a crise no Senado não caia no esquecimento é a manifestação popular nas ruas. "Não há inatingibilidade em relação ao povo. Se o povo continuar indo às ruas, o Sarney não se sustenta por muito tempo", afirmou. "A pergunta é se o povo vai fazer isso ou se entraremos num acomodamento de mandar um e-mail e achar que isso é a revolução."
Redação Terra

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