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O terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (3º PNDH) é uma clara evolução na preocupação da sociedade brasileira e do governo Lula com os direitos humanos para o povo e cada ser humano. Mas, ao ampliar muito o leque de assuntos tratados, o programa misturou valores éticos, dos direitos humanos, com opções políticas, dos direitos civis.
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Segundo. O tema que diz respeito ao direito ao aborto. O direito à vida de mulheres ameaçadas por gravidez de risco ou o direito de evitar um filho indesejado por ser fruto de estupro deve ser um direito humano. Mas a generalização do direito ao aborto não tem sido vista como uma questão de direito humano exclusivo da mãe e que implica o direto da criança e do pai também.
Terceira. É inacreditável que ainda haja resistência a que pessoas do mesmo sexo possam fazer uniões civis para constituírem vida em comum. Mas o direito humano está no direito de se viver com quem quiser, a legalização é um direito civil para os que quiserem, se o direito civil permitir. Por isso, temos que mudar a lei, sem necessidade de apelar para um direito humano.
Quarto. É possível que algumas pessoas considerem que a propriedade privada fere os direitos humanos, mas esse não é um sentimento hegemônico. Nessas condições, as ocupações de terra são um assunto de direito civil, legalidade, não de direitos humanos. O direito à terra pode ser um direito humano, mas se respeitado o direito civil à propriedade privada - até ela, quem sabe, ser extinta um dia.
Quinto. A liberdade e a honra são direitos fundamentais de todo ser humano. Por isso, é preciso dar responsabilidade à imprensa, mas a garantia dessa responsabilidade é uma questão legal. Querer tutelar a liberdade por meio de comissões especiais vai ferir os direitos à liberdade.
Isso leva a outra constatação: os temas ausentes do 3º PNDH. Nele não se considerou o direito humano a uma justiça imparcial, o que exige uma modificação completa no funcionamento do privatizado sistema judiciário brasileiro. O documento tampouco trata com ênfase do direito igual à vida, que só poderia acontecer com um sistema de saúde igual para todos, o que forçaria a publicização do sistema de saúde. Esse direito, no Brasil, não vem sendo tratado como direito humano, porque é um direito comprado pelos que podem pagar boa assistência médica.
Sobretudo, falta ênfase sobre o mais fundamental dos direitos humanos, aquele que abre as portas a todos os demais: o direito à educação de qualidade para todos. Constam apenas referências inócuas. Nada afirma a necessidade de erradicar o analfabetismo - 14 milhões de adultos são incapazes de ler e, por isso, não conseguem usar seus direitos fundamentais. Milhões aprenderam as letras, mas não entendem o que leem.
O documento apresentado pelo governo é cheio de boas intenções, mas peca pelo excesso de temas e pela ausência de compromissos.
Fonte: Artigo publicado no Jornal do Commercio de sexta-feira, 22 de janeiro.
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