quinta-feira, 3 de março de 2011

UM EXEMPLO A SER SEGUIDO

A descoberta de Cristovam

Ao ser indagado sobre a sua maior obra como governador do Distrito Federal, o senador Cristovam Buarque foi tão surpreendente quanto primoroso na resposta:

Foi ter conseguido fazer com que as pessoas passassem a respeitar a faixa de pedestre. Isto significa uma mudança de cultura, sem dúvida a obra mais difícil para um dirigente público.

Considerado como político de um discurso só – o da defesa da Educação -, o ex-reitor da UNB deu-nos uma belíssima lição. Penso nela, neste momento, quando me deparo com os dolorosos índices de violência no Brasil e, particularmente, em Alagoas.

Uma das representações coletivas que alimentamos durante décadas é a de que somos um povo alegre, festeiro e pacífico. Os dados mostram que não: o Brasil é o quinto país mais violento do mundo, o primeiro em número de mortes por arma de fogo, tem índices de assassinatos de jovens três vezes maiores do que a média internacional. Que triste!

Há, nisso, além de tudo que já mencionaram estudiosos da área – sem que eu pretenda ser original –, um componente cultural. Existe, sim, no nosso país uma cultura da violência, com presença histórica no “Brasil profundo”, nos nossos sertões, que migrou com força e definitivamente para os centros urbanos, que já abrigam a maior parte da população brasileira.

O senador Cristovam, que parece um idealista do século 19, nos mostrou que é possível mudar uma cultura. Foram quatro anos para que a população de Brasília aprendesse que respeitar a faixa de pedestre é respeitar o outro, respeitar a vida.

A nossa tarefa é mais árdua, e suas consequências não deverão ser sentidas pela geração que tem por obrigação assumi-la. Mas o que deve nos mover é o nosso compromisso com a espécie.

Por: Ricardo Mota

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